Setor produtivo propõe ações de melhoria para infraestrutura em Minas Gerais

Propostas constam em levantamento da CNI e incluem concessão e duplicação de rodovias, além de medidas para aeroportos, ferrovias, geração hídrica, transmissão de energia e distribuição de gás natural

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 36% dos empresários industriais consideram as condições da infraestrutura da região Sudeste como regular, ruim ou péssimo. Para que a infraestrutura possa ser aprimorada, a entidade, em conjunto com as federações das indústrias, elenca uma série de propostas, incluindo 14 para Minas Gerais.

No mesmo levantamento, a entidade lista as rodovias com o maior número de acidentes na região Sudeste no ano passado. Entre as dez principais, quatro passam por Minas Gerais: BR-381 (2º lugar/2.638 acidentes); BR-040 (4º/1.815); BR-116 (7º/1.410) e BR-262 (8º/924). Diante da precariedade da malha rodoviária mineira, a maioria das sugestões destina-se às estradas. 

A CNI propõe, por exemplo, que sejam direcionados recursos públicos para a duplicação da BR-262, entre João Monlevade e Espírito Santo, e para a pavimentação da BR-267, que faz a ligação do Vale do Jequitinhonha e o Sul da Bahia; e da BR-135, entre Manga e Itacarambi. 

A confederação também sugere que as BRs-251, de Montes Claros a Divisa Alegre; 116, entre Governador Valadares e Divisa Alegre; e 365, trecho ligando Patrocínio até Montes Claros, passe por obras de duplicação e/ou aumento de capacidade, além de serem incluídas na carteira de concessões. Para a BR-259, o pedido é para que a modelagem para concessão seja elaborada ou que recursos federais e estaduais possam ser aplicados para a duplicação da rodovia. 

Na Fernão Dias, estrada que liga Belo Horizonte e São Paulo, a entidade solicita uma agilidade no processo de otimização do contrato da atual concessionária, visando correções de traçado, ampliação da capacidade de tráfego e melhorias do fluxo na região metropolitana (RMBH). Sobre o Anel Rodoviário, a proposta é que a via seja adequada com duplicação de viadutos, ampliação dos trechos com vias marginais, criação de novas áreas de escape, entre outras medidas. 

Na listagem de propostas da CNI para Minas Gerais, aparecem ainda propostas para os aeroportos, ferrovias, geração hídrica, transmissão de energia e distribuição de gás natural. Conforme o especialista em Infraestrutura da entidade, Ramon Cunha, os pleitos contemplam o que o setor industrial identifica e aponta como demandas prioritárias do Estado. 

País investe pouco em infraestrutura e dinheiro é mal aplicado

Historicamente, o investimento em infraestrutura é baixo no Brasil, de acordo com Cunha. Ele cita que o País investe na área, por ano, cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a recomendação é que o dobro deveria ser investido para conseguir superar os atuais gargalos. 

“Em alguns setores a situação é tão grave que temos a economia de investimento líquido negativo, principalmente em rodovias. Ou seja, o que é investido, às vezes é insuficiente para cobrir a própria depreciação do ativo. Então, temos uma deterioração da malha”, pontua.

O representante da entidade ressalta que pouco, além de investir pouco, muitas vezes o valor é mal aplicado e acaba desperdiçado em empreendimentos que não são finalizados. Exemplo disso é que o Brasil tem quase 12 mil obras paralisadas financiadas com recursos públicos federais (52% das obras totais), segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU).

Cunha sublinha que os números preocupam e que superar os problemas de governança, bem como atrair investimentos privados é fundamental para que a infraestrutura melhore. 

“Porém, a CNI entende que a construção de uma agenda de investimento em infraestrutura não é simples, porque o País tem dimensões continentais, e cada região possui particularidades. Portanto, diferentes estratégias devem ser adotadas para atender essas necessidades locais”, diz.

Rodovia do Minério sairá do papel, diz procurador-geral de Justiça

A BR-040 é uma das estradas mais perigosas de Minas Gerais. No estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) consta que, dos 1.815 acidentes na rodovia em 2023, 87% foram com vítimas, sejam feridas ou mortas. Os dados não mostram a causa e os motivos dos acidentes, mas quem transita pela estrada costuma temer os veículos carregados de minério. 

Uma das soluções para esse problema está em pauta no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que é a construção da “Rodovia do Minério”. O projeto envolve uma via alternativa de escoamento para desviar o tráfego de caminhões e carretas das mineradoras da BR-040 e, consequentemente, trazer mais segurança aos usuários e diminuir o alto índice de acidentes. 

As tratativas para a Rodovia do Minério, em discussão desde o ano passado, estão avançando e, de acordo com o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, haverá uma nova reunião sobre o tema no próximo mês. Ele afirma que o projeto sairá do papel. 

“Agora, em novembro, teremos a segunda parte (das negociações). O legal é que conseguimos trazer o governo federal para a mesa. O diretor da Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), Guilherme Sampaio, é mineiro e está ajudando. Então, está indo bem (as conversas) e (o projeto) vai sair (do papel)”, afirmou o procurador a jornalistas nesta semana. 

Em julho, representantes da União, Estado, prefeituras, mineradoras, Ministério Público Federal e Estadual se reuniram para discutir a possibilidade de constituir a Rodovia do Minério. No encontro, foi criado um grupo executivo, que ficou encarregado de fazer diagnósticos necessários para as obras. Os resultados serão apresentados na reunião do dia 28 do mês que vem. Conforme Soares Júnior, o que foi acordado anteriormente está sendo cumprido por todos os envolvidos.

Fonte: Diário do Comércio

plugins premium WordPress