O ano de 2023 tem sido exitoso para o transporte no que diz respeito à ampliação das práticas sustentáveis do setor. As ações ambientais do Sistema Transporte ganharam notoriedade com o aumento do protagonismo internacional do Programa Despoluir, empreendimento conjunto da CNT e do SEST SENAT que, neste 18 de julho, completa 16 anos. No mês de maio, o programa foi divulgado no ITF (Fórum Internacional do Transporte, na sigla em inglês), na Alemanha, e mostrou como o Brasil vem pensando alternativas aos combustíveis fósseis.
A participação coincidiu com o anúncio, pelo ITF, do país como o mais novo membro do Fórum. Vinculado à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o encontro coloca em evidência, em nível mundial, as experiências exitosas do transporte. Recentemente, a CNT esteve também em um encontro online com a Agência de Cooperação e Investimento de Medellín, Colômbia, no qual o Despoluir tratou de boas práticas e discutiu a possibilidade de Brasil e Colômbia estabelecerem cooperação internacional complementar em prol do desenvolvimento sustentável do setor.
Pensar em fontes energéticas tem sido um exercício de longa data do Despoluir e um dos focos do Sistema Transporte. A iniciativa tem grande sinergia com a agenda ESG, de boas práticas sociais, ambientais e em governança. O fato de o Despoluir abarcar temas como qualidade do ar e responsabilidade ambiental tem conquistado o engajamento de muitas empresas interessadas em melhorar seus indicadores de sustentabilidade.
Para o Sistema, é necessário envolver o setor nessa discussão, dando ênfase à transição energética que se avizinha. Com esse objetivo em vista, a CNT constantemente disponibiliza estudos técnicos e outros materiais informativos.
“Esse compromisso é importante e se reverte em benefício para o setor. Os ganhos podem ser percebidos desde a redução do consumo do diesel dos veículos — implicando a diminuição de custos — até a melhoria das condições de saúde dos profissionais do transporte”, ressalta o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa.
Outros destinos
Em 2022, foi a vez de o Despoluir ser divulgado no Egito. A convite do Ministério do Meio Ambiente, a CNT participou da 27ª edição da COP27 (Conferência do Clima), realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) no país. No mesmo ano, os trabalhos técnicos da Confederação no âmbito da sustentabilidade tiveram visibilidade na CIT (Câmara Internacional da indústria de Transportes), no México. Na ocasião, a entidade expôs um estudo sobre os benefícios e os desafios do biometano como alternativa de energia limpa para o transporte.
O material, que faz parte da Série CNT Energia no Transporte, acabou ganhando espaço na PNME (Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica). Coordenado pelo Instituto Clima e Sociedade, o repositório agrega conteúdo de mais de 30 entidades, incluindo órgãos governamentais, agências, indústria, academia e sociedade civil.
Publicações orientam o setor
A Série CNT Energia no Transporte visa identificar os benefícios e desafios de alternativas limpas, como biometano, eletromobilidade e hidrogênio verde. A energia elétrica e o hidrogênio renovável estão entre as principais alternativas aos combustíveis fósseis e soluções possíveis para mitigar a atual emissão de gases do efeito estufa (GEE), causadores do aquecimento global. Ambos têm despertado o interesse de diferentes setores que buscam investir em tecnologias sustentáveis e em descarbonização. É o caso do transporte.
A respeito do biometano, as emissões são menores, em comparação com veículos do ciclo diesel e gás natural. A média geral de redução de emissão é de 64%, com destaque para o percentual de redução dos ônibus, que foi de 75% em relação ao diesel. O investimento em energia limpa vai ao encontro das Contribuições Nacionalmente Determinadas pelo Brasil, em consonância com o Acordo de Paris, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.
Itinerância pela sustentabilidade
O Programa Despoluir conta na execução dos serviços com as federações afiliadas, do transporte de cargas e de passageiros, em todo o país. As atividades são gratuitas e oferecidas às empresas do setor que buscam aprimorar a inspeção ambiental em veículos movidos a diesel (Avaliação Veicular Ambiental) e a análise do combustível contido no tanque de armazenamento das empresas de ônibus e caminhões (Avaliação da Qualidade do Diesel).
Periodicamente, o conhecimento é compartilhado por meio dos encontros técnicos regionais, nos quais interagem os coordenadores regionais do Programa e as equipes técnicas das federações. Nessas reuniões, a Confederação atualiza o estado da arte em sustentabilidade e boas práticas.
Este ano, já foram realizadas oficinas nas regiões Nordeste e Norte. “A troca de informações entre os técnicos se reflete no atendimento aos nossos clientes. O Despoluir é o melhor programa ambiental (do transporte) do Brasil, porque trabalha diretamente nos veículos, melhorando o desempenho e diminuindo a emissão. Temos de nos aperfeiçoar cada vez mais para contribuir para a questão ambiental”, aponta o empresário Irani Bertolini, presidente da Fetramaz (Federação das Empresas de Logística, Transporte e Agenciamento de Cargas da Amazônia), que foi parceira do evento na região Norte.
No Nordeste, a Federação anfitriã foi a Fetrans (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Ceará, Piauí e Maranhão). Para o presidente da entidade, Chiquinho Feitosa, o Despoluir atua em uma seara prioritária para o setor. “A sustentabilidade está cada vez mais conectada com a saúde financeira e a possibilidade de longevidade das empresas. Ela está diretamente ligada à economia, à redução de custos e a diferenciais competitivos”, acrescenta.
Em agosto, será a vez das regiões Sul e Sudeste sediarem o evento. A programação Centro-Oeste ocorrerá em setembro, mês em que também ocorrerá o encontro nacional do Programa Despoluir. Ao longo desses 16 anos, a iniciativa já proporcionou mais de quatro milhões de avaliações veiculares ambientais e atendeu a cerca de 55 mil empresas de transporte e caminhoneiros autônomos no país.
Fonte: NTC&Logística