Dados contabilizaram apenas o trecho entre Tabuleiro e Piau, marcado por sinalização deficitária e conservação precária das margens
Cerca de 23 quilômetros de malha rodoviária separam os municípios de Piau e Tabuleiro na MG-133. No primeiro semestre de 2023 (até o dia 18 de junho), somente neste trecho, foram registrados 15 acidentes, com três vítimas fatais, de acordo com dados fornecidos pela Polícia Militar Rodoviária de Minas Gerais (PMR-MG). Os números do primeiro semestre de 2023 igualam os registros de todo o ano de 2021, quando também foram registrados 15 acidentes. No entanto, em comparação entre os dois anos, 2021 contabilizou menos acidentes com morte que os primeiros 168 dias de 2023: foram dois contra três neste ano até a referida data. Em 2022, foram quatro óbitos ao longo de todo o ano, com 25 acidentes registrados.
Segundo o capitão Vinícius Araújo, da PMR, o motivo mais recorrente em relação aos acidentes no trecho “é a falta de atenção do condutor, uma vez que as condições da rodovia exigem atenção total: pista simples, sinuosa e sem acostamento”. Até o dia 18 de junho deste ano, 28 veículos, entre carros, caminhão, caminhão/trator, caminhoneta, caminhonete, motocicleta e semirreboque estiveram envolvidos nos acidentes. Neles, 18 vítimas sofreram ferimentos.
Em relação aos três acidentes com vítimas fatais registrados no trecho em 2023, todos eram homens e condutores do veículo. O primeiro deles aconteceu em fevereiro, quando o motorista de 55 anos chocou seu carro contra dois veículos na pista. Em abril, a vítima foi um homem de 25 anos, em uma batida entre dois carros no km 20, próximo ao município de Tabuleiro. Já o último acidente registrado no período aconteceu em junho, quando um policial penal perdeu o controle do veículo e bateu o carro em uma árvore.
Mais de 100 acidentes nos últimos quatro anos e meio
Desde 2019, o trecho da rodovia MG-133 entre Piau e Tabuleiro registrou 106 acidentes. Ao todo, 13 pessoas morreram em decorrência deles. Justamente 2019 foi, neste recorte temporal, o ano com mais acidentes registrados: 27. Já o ano passado, foi o que vitimou mais pessoas, sendo quatro no total.
Em relação ao total de veículos que fizeram parte dos acidentes nos últimos quatro anos e meio, foram 165. Em 2022, ano com mais veículos envolvidos em acidentes, foram 44. A contabilização dos dados fornecidos pela PMRv conta, inclusive, com veículos que não são automotores. Em março do ano passado, por exemplo, um ciclista morreu após ser atropelado por uma van dirigida por um motorista alcoolizado, que não apresentou habilitação.
O período 2019-2023 também contabilizou 127 pessoas feridas nos 106 acidentes ocorridos. O ano de 2019 marcou o recorde na série, com 37 vítimas feridas ao todo.
Problemas na pista são agravantes para acidentes
Como destacado pelo capitão da PMR, o trecho rodoviário entre Tabuleiro e Piau requer atenção dos motoristas, por conta das curvas e por ser uma pista simples e sem acostamento. Porém, ao passar pelo trecho, é são visíveis outros problemas apresentados na estrada. Os principais são as sinalizações: tanto as faixas que dividem as pistas, que já estão desgastadas, quanto a sinalização por placas. De acordo com Araújo, “a precária manutenção da sinalização, a ausência de radares suficientes e por serem margeadas por propriedades rurais, levando à presença frequente de animais na pista”, são fatores que contribuem para os acidentes no local.
Além disso, recentemente, a MG-133 passou por rupturas que, além de causarem acidentes, prejudicaram o trânsito no trecho. Em 2020, uma cratera abriu no km 21 da rodovia, engolindo dois caminhões e dois carros de passeio. Na ocasião, uma pessoa morreu e seis ficaram feridas.
Já em janeiro deste ano, no km 23, parte da pista cedeu por conta das precipitações, deixando a circulação primeiro interditada e, depois, em meia pista. No período do incidente, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) atuou no local para realizar reparos na pista.
De acordo com Araújo, o trabalho da PMR consiste em “acionar os órgãos competentes pela manutenção das rodovias, DER, município, e prestar apoio quando solicitada por ocasião da realização do serviço de recuperação da via”. Perguntado sobre os problemas atuais enfrentados no trecho, o DER não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Redução dos acidentes depende de conscientização
Apesar de, segundo o capitão, o trecho não ser o que registra maior número de acidentes entre as rodovias que dão acesso a Juiz de Fora, a redução dos casos depende muito mais da conscientização dos motoristas que propriamente das fiscalizações policiais. “Por parte da PMR são feitas operações de fiscalização de trânsito e veículos nos trechos com maior incidência, operações essas com utilização de etilômetro e radares móveis, no intuito de desestimular o condutor a cometer infrações e colocar a vida em risco. São feitas também constantes medidas educativas”, comenta Araújo sobre o trabalho da instituição.
Fonte: Tribuna de Minas