Em painel da Intermodal 2024, com a presença do Sistema Transporte, foram abordadas ações afirmativas para ampliar o número de mulheres no setor, especialmente em funções historicamente ocupadas por homens
A participação de mulheres representa 17,8% sobre o total de trabalhadores nas empresas de transporte do Brasil. São aproximadamente 390 mil mulheres com vínculo ativo nas empresas de transporte, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Para traçar um panorama da presença feminina no setor, o congresso da Intermodal South America 2024 reuniu, nessa quarta-feira (6), um time de peso de mulheres líderes no transporte – na semana em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Sob a mediação da diretora adjunta do ITL (Instituto de Transporte e Logística), Eliana Costa, representando o Sistema Transporte, o painel intitulado “Mulheres na Liderança – Compartilhando Experiências e Carreiras” contou com a presença da diretora de Gente, Gestão e Tecnologia da Informação na Log-In Logística Intermodal, Andrea Simões; da presidente da Abear, Jurema Monteiro; da gerente jurídica do Metrô de São Paulo, representando a ANPTrilhos, Janaína Schoenmaker; e da presidente executiva do Setcesp, Ana Carolina Jarrouge.
Ao falar da realidade ainda tímida das mulheres no setor, a diretora Eliana Costa fez um contraponto informando que o Sistema Transporte já pratica a equidade salarial entre homens e mulheres de mesmo cargo e função, com 57% do quadro de pessoal composto por mulheres; e 55% dos cargos de liderança exercidos por mulheres, conforme o Censo 2023 do SEST SENAT. Além disso, Eliana destacou que a instituição fomenta a participação feminina no transporte a partir da profissionalização e qualificação de mulheres, de parcerias e da sensibilização para um setor transportador mais preparado para os talentos femininos.
“Para avançarmos nessa agenda, precisamos do engajamento e do comprometimento da alta gestão com a diversidade nas suas empresas. É necessário diagnosticar e identificar as oportunidades e os desafios para esse tema, estabelecer as diretrizes adequadas ao perfil das organizações e definir um plano de ação afirmativo para todo o ciclo para colaboradores”, declarou Eliana.
Em um debate franco e humanizado, as participantes ressaltaram a importância de as empresas investirem na inclusão e na diversidade dos seus quadros de maneira estratégica e estruturante. Falaram também de movimentos de mudança de culturas organizacionais, uma vez que não basta apenas investir em processos seletivos inclusivos se não houver um ambiente acolhedor para essas mulheres.
As painelistas ratificaram a necessidade de as mulheres ocuparem espaços e estarem preparadas e capacitadas para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Ainda citaram a importância do investimento em redes de apoio e networking a fim de garantir segurança à ascensão dessas profissionais.
O que as painelistas pensam?
“A agenda ESG tem ajudado as empresas a aumentar a questão da equidade de gênero. Quando uma empresa abre o olhar para essa agenda, isso impacta a cultura, a parte de seleção. Também promove movimento de desenvolvimento de carreiras e demonstra para os próprios colaboradores que a empresa tem valores éticos.”
Andrea Simões
“Hoje, no setor aéreo, há o entendimento de que uma equipe diversa é uma equipe mais produtiva. Um processo seletivo que permite a diversidade vai trazer mais resultados. Ambientes mais respeitosos, com mais pluralidade de ideias, apresentam diferentes soluções. A diversidade é reconhecida hoje como elemento de melhoria de desempenho e eficiência.”
“Uma medida eficaz para que mais mulheres acessem posições de liderança é que os homens também se engajem e assumam o compromisso com essa agenda. É fundamental que eles se convençam e abram portas para que mulheres cheguem a essas posições. Também é importante que as mulheres, uma vez na posição liderança, tenham o compromisso de aumentar a diversidade.”
Jurema Monteiro
“À medida que mais mulheres ocupem cargos de liderança e participem do futuro da empresa e das discussões sobre o planejamento, isso pode mudar a cultura e a perspectiva das organizações.”
Janaína Schoenmaker
“Ainda temos muito a avançar, mas muitas mulheres estão aparecendo como grandes líderes empresariais à frente de suas empresas. E muitas oportunidades de trabalho também têm sido abertas, especialmente para o cargo de motorista profissional.”
Ana Carolina Jarrouge
Em sua participação, a presidente do Setcesp detalhou o programa Vez & Voz – Mulheres no TRC, iniciativa do sindicato para valorizar as mulheres que trabalham no setor de transporte rodoviário de cargas, fomentar o crescimento profissional delas dentro do próprio setor e atrair novos talentos para o TRC. “Queremos também criar uma rede de apoio e incentivo para discutir outros assuntos que permeiam os diversos universos femininos: autoconhecimento, relacionamento, maternidade, saúde, beleza e todos os desafios que são inerentes às mulheres”, disse.
Fonte: Agência CNT Transporte Atual via Setcemg